domingo, 3 de outubro de 2010

O Zé Povinho

O Zé Povinho português é mesmo irritante. Queixa-se de tudo e não faz nada. Queixa-se do governo, do despesismo, do aperto do cinto... mas não faz nada. Sabe que anda muita gente a mamar salários absurdamente altos, a acumular reformas com salários, e a acumular reformas vergonhosas. Sabe que existem institutos e fundações a amamentar os boys dos partidos. Sabe, resmunga, mas não faz nada. Sabe que portugal não tem dinheiro para obras faraónicas, como o TGV e o novo aeroporto. Sabe que as Câmaras Municipais são um buraco sem fundo do despesismo. Sabe que os governadores civis e outras entidades políticas não servem para nada.

Sabe, resmunga, mas não faz nada. Ou melhor, faz: arranja uns bodes expiatórios, como os professores, para lavrar a sua enorme burrice. Malandros dos professores! Ganham rios de dinheiro! São ricos e uns privilegiados. Só porque tiveram e continuam a ter que estudar bastante, aturar e tentar ensinar os cada vez mais indisciplinados e desinteressados alunos, acham que merecem o que ganham? Malandros!

Sabe, resmunga, mas não faz nada. Até quando deixarmos estes governantes, esses sim, os verdadeiros culpados disto tudo, continuarem a enganar as massas invejosas e ignorantes? Se os governantes vão mudar alguma coisa de fundo? É claro que não. Eles próprios pretendem vir a beneficiar do sistema que criaram e apoiam. Acabar com institutos e fundações? Nem pensar. E o apoio dos boys? Acabar com a mama das empresas públicas? Nem pensar. É para lá que pretendem ir, depois de se reformarem (chorudamente) da política.

Está na hora de sabermos, resmungarmos e fazermos alguma coisa. Chega de greves e marchas inconsequentes. Chega de paninhos quentes e bons costumes. A panela está a aquecer e pode rebentar. Se rebentar, nunca se sabe para que lado irá espirrar. É assim que começam a aparecer e a fortalecer-se as ditaduras. Já há quem diga: volta Salazar que estás perdoado!

Uma sociedade que esmaga e destrói a sua classe média é uma sociedade que caminha para o abismo. Quem pertence à classe baixa deve aspirar e esforçar-se por subir na pirâmide e não desejar que quem lá está, muitas vezes por mérito, desça. A isto chama-se nivelar por baixo.

Está na hora de sabermos, resmungarmos e fazermos alguma coisa.